26 setembro 2006

 

TRADIÇÃO NÃO GANHA JOGO.
E NÃO SEGURA MERCADO ...
A copa do mundo de 2002 corria solta e a seleção do Felipão, ainda que desacreditada, dava pinta de que não iria decepcionar. Mais um motivo para um artigo.

Esta Copa do Mundo está propiciando, para os marketeiros de plantão, excelentes oportunidades de exercitarmos nosso raciocínio estratégico de marketing. Nestas linhas quero levar um raciocínio sobre os 4 semi-finalistas da Copa.
Dentre eles, temos dois times que representam a tradição das Copas (afinal somam 7 títulos mundiais ao todo) e outros dois que nunca significaram nada em termos de tradição futebolística. Outras seleções de marca (com grande potencial para conquistar o título) ficaram pelo caminho. A Argentina, o grande bicho papão, ficou para trás. Acompanharam a toada a França, cantada em verso e prosa, Itália, que em todas as copas se arrasta até a fase final ou semi-final, Portugal, a grande revelação, Espanha, que nada, nada e ... nada, enfim, sobraram, das grandes "marcas do futebol", Alemanha e Brasil. Mas aí que vem o mais engraçado. Estas duas marcas chegaram ao Oriente absolutamente desacreditadas, pois ambas se classificaram na bacia das almas e muitos poucos acreditavam que passariam das oitavas. Mas estão lá. Outras duas seleções são ilustres desconhecidas. Ou pelo menos não tem "brand".
Nesta altura você, leitor, deve estar se perguntando, o que tem a ver marketing com esta papagaiada ?
Simples. Se, por um lado, grandes marcas do futebol chegaram ao torneio sustentadas por uma tradição e por uma classificação nas eliminatórias, não tiverem a competitividade para chegar ao final da Copa. Quem teve ?
Duas seleções desacreditadas e que tiveram que mostrar serem competentes e outras duas que nunca chegaram lá.
Na Copa do mercado também está acontecendo algo parecido. Marcas que tinham tudo para ser campeãs de vendas, estão perdendo espaço para produtos que aportam desconhecidamente nas prateleiras e nos portfólios das empresas.
No segmento suco de frutas, por exemplo, Sucos Del Valle é um caso interessante. Chegou quieta, sem alarde e foi, aos poucos, ocupando, com competência as geladeiras dos consumidores e se tornando um produto de um giro muito grande. Sem propaganda, sem tradição, sem grandes promoções. Apenas um produto de qualidade, suportada por um distribuição bem organizada. E o resto, veio do velho boca a boca.
Epa ! Então quer dizer que a propaganda não é mais a alma do negócio ? Claro que é. Mas não só ela. Em primeiro lugar, temos que ter um produto honesto, que prometa e cumpra e não apenas um produto super valorizado e que, quando consumido, não satisfaça as necessidades dos clientes. Em segundo, há a necessidade de um preço justo. Depois, uma promoção que deixe transparecer tudo isto que, aliada a uma distribuição que leve este produto o mais perto possível do consumidor, faz com que a taça dos sucos fosse deles.
Puxa !!! Mas não é a boa e velha Teoria dos 4 P's ? Ela mesma. Porém, agora, devido a mudança do comportamento do mercado, travestida, como já abordamos nos e-Journals 6, 7, 8 e 9.
Mas uma coisa é fundamental em todo este esforço. Trabalho, muito trabalho. Não apenas o trabalho físico de treinar e se preparar para a competição, mas principalmente trabalho estratégico de poder se planejar para enfrentar uma missão como esta. No caso de mercado significa, estudar o mercado e a concorrência, montou um plano de ação, usar criativamente os recursos disponíveis, planejar as ações passo a passo, entender como funcionam as regras do jogo e adaptar-se para jogá-lo manter alta a motivação da equipe e, principalmente, perseguir freneticamente o objetivo (que muita gente chama de teimosia).
Assim como o mercado, a Copa do Mundo mudou e vem se tornando cada vez mais competitiva. Só aqueles que usam o que citei anteriormente têm a chance de chegar lá. O Brasil usou. Estudou a concorrência e viu como ganhar de cada um. Montou uma estrutura básica (o tal 3-5-2 que todo mundo criticou). Usou os recursos humanos disponíveis (que até podem não ser os melhores) de forma criativa e versátil (ainda que às vezes em discordância com a maioria). Planejou e se estruturou para cada jogo. Sabe como funciona as regras do jogo, onde cada vitória, ão importa por que placar é importante e adaptou-se a elas. Manteve a equipe sempre motivada e protegida da saga da crítica. E, principalmente, perseguiu implacavelmente, contra tudo e contra todos, o objetivo
Agora, na final encontram-se as duas seleções mais pragmáticas da copa. As mais objetivas, as com melhores ataques e as com melhor campanha.
Mas as igualdades terminam aí, pois a gente tem mais talento do que eles. E talento é o que vai fazer a diferença quando duas seleções (ou produtos) são absolutamente iguais.

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