28 maio 2008

 


AS LEIS DO UNIVERSO

Artigo escrito logo após a eliminação do Brasil na Copa de 2006

Então o tão decantado time favorito para ser campeão do mundo de 2006 teve que fazer suas malas. Não dá para negar que esta seleção tem talentos. Mas será que foram bem preparados?

Como vocês sabem, pratico uma arte marcial chamada Aikidô e, antes de começarmos ou terminarmos um treino, fazemos uma prece que é: "Kannagara Tamashii Haemasse" e que poderia ser traduzida como "Vamos agir de acordo com as leis do universo". O que esta prece quer nos mostrar é que, quando não obedecemos as leis da Natureza, somos levados ao desequilíbrio e, conseqüentemente, ao sofrimento e a dor. Mas, perguntariam vocês, o que isto tem a ver com a seleção e que leis da natureza são estas? Como diria o esquartejador, vamos por partes.

Em primeiro lugar, são muitas as leis da natureza e basta observarmos como ela se comporta e começaremos a entendê-las. Uma das que se aplicam no caso da seleção brasileira é: "O Microcosmo imita o Macrocosmo."Ela nos ensina que os debaixo imitam os de cima. O átomo imita um sistema planetário (núcleo no centro e outros corpos girando em volta), os filhos imitam os pais, o povo imita seus governantes, os funcionários o chefe e assim por diante. Ora o que vimos em nossa chefia. Apatia, indecisão, falta de pulso, falta de planejamento. E o que se poderia esperar dos subordinados dentro do campo. A mesma coisa. Lembrem-se que, na seleção de 2006 estavam presentes Dida, Cafú, Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Nazário, Kaká, Ricardinho, Gilberto Silva, Lúcio e Rogério Ceni. Ora, então porque deu certo com o Felipão e não como Parreira? Eu não preciso dar a resposta. Basta ver o comportamento dos dois técnicos na beira do campo e a gente já sabe.

Uma outra lei da natureza diz que "Tudo obedece a um plano divino". Está nos livros sagrados de várias religiões. Calma. Não significa que tudo depende da vontade de Deus. Se tirarmos a palavra “divino”, a lei passa a ser "Tudo obedece a um plano". No caso de Brasil, onde estava o plano? Não tínhamos um. Ou melhor, tínhamos. Joga a bola para o Kaká, para o Ronaldinho Gaúcho, para o Adriano ou para o Ronaldo que eles decidem. E isto lá é plano??? Basta ver que os treinos do Brasil sempre foram rachões bem humorados, como se fossem artistas de circo se exibindo para uma torcida encantada ou enfrentando equipes tímidas. Mas, como dizia o sábio Didi: "Treino é treino. Jogo é jogo."E aí , quando precisamos de algo mais do que "macaquices" não tínhamos. Aí tentou-se um Plano B. E justamente numa partida das quartas de final. Só que este plano "B" nunca tinha sido treinado. E deu no que deu.

Agora, uma das mais importantes leis da natureza e que foi brutalmente violada é "Tudo gira em torno de um centro". Basta olhar em sua volta e ver. Não existem dois sóis para que o sistema solar decida sob qual dos dois vai pegar calor hoje. Um átomo, quando divide seu núcleo, cria uma nova célula, se dividindo e seguindo cada núcleo para o seu canto. Até os antigos diziam que "cachorro de dois donos, morre de fome". Bem onde estava o centro do Brasil? Não existia. Até que tentou existir, com o coitado do Lúcio. Mas este não tem competência para tal. Já o da França brilhou. Zidane deitou e rolou sem que ninguém tentasse neutralizá-lo. Ou seja, ninguém atentou para esta lei e o que se viu foi..... deixa prá lá.

Agora nos resta aprender mais esta lição. Não apenas para as futuras copas, mas para verificarmos se, em nossas empresas, estas leis estão sendo cumpridas para que possamos atingir a excelência e, assim, conquistarmos novos clientes, aumentarmos nossa participação de mercado ou consolidarmos nossa posição atual.

 


O DIA QUE SAMPA PAROU

Artigo escrito no dia em que a cidade de São Paulo literalmente parou

No Dias das Bruxas do ano de 1938, Herber George Wells, mais conhecido como Orson Wells e que foi reconhecido por muitos como uma das maiores mentes do século 20, colocou no ar, através da Radio Mercury Theatre, uma versão radiofônica de seu romance A Guerra dos Mundos". Nova Iorque foi acometida de um ataque de histeria coletiva, pois as pessoas acreditavam que a transmissão da ficção fosse verdade, a ponto de acontecerem casos de suicídio. Estava provado o poder da mídia sobre as mentes das pessoas.



Posso dizer, sem medo de ser exagerado, de que São Paulo foi ontem tomado por um sentimento igual. Não que não houvesse um ataque planejado contra alvos policiais e alguns civis, muito pelo contrário, eles foram reais. Mas, ao longo da tarde, enquanto eu estava preso em um congestionamento monstro provocado pela antecipação da liberação de funcionários em função da greve dos ônibus, as poucas vezes que meu celular funcionou foi para receber mensagens catastróficas.

"O Shopping Ibirapuera foi metralhado"
"Não. Foi o Iguatemi."
"O Mackenzie também foi"
"Cortaram os telefones fixos do bairro de Pinheiros" Esta foi legal, pois alguns minutos depois, um amigo me liga exatamente de um telefone fixo de Pinheiros.
"O Metro parou"
"Teremos toque de recolher às 20:00 h

E por aí vai. Enquanto isso, a imprensa cai de boca em análises, notícias, estatísticas,

prognósticos e outras mazelas no sentido de dar o "Furo" do ano. E o que se viu foram informações tendenciosas, maliciosas e que incitam a histeria. Querem um exemplo?
Sabe-se que houveram cerca de 80 mortos nestes 3 dias de violência. Quantos eram bandidos? Quantos eram policiais? Quantas vítimas civis?

Tentei, hoje cedo, procurar nos sites de notícia esta informação, pois até onde pude entender, mais da metade das mortes é de criminosos, o que reduz as mortes de policiais e de civis. Mas o que vale é a quantidade de mortes registradas. A qualidade da informação não importa, a menos que queiram perder audiência.

E as pessoas, presas de um sistema de informação deficiente e sem escrúpulos, acreditam piamente e, como se não bastasse, via internet põe gasolina na fogueira encaminhando e divulgando "spans" dos mais descabidos do tipo " O PCC articulava um ataque monstro contra alvos civis na noite de ontem e que não era para ninguém sair de casa."

Na realidade, o que se viu, na minha opinião, foi uma ação, ainda que pesem as opiniões contrárias, forte das forças de segurança do Estado de São Paulo que, pelas informações que tive, perderam homens, mas abafaram todo o tumulto, como se pode ver na manhã de hoje. Ainda que desorganizados, mal armados, mal remunerados (em muitos casos) a polícia neutralizou a ação do PCC. Pois se isto não tivesse acontecido, hoje o prefeito da cidade seria um de seus chefes.

Eles queriam só causar tumulto. E conseguiram. Muito mais pela histeria coletiva que tomou conta da cidade, do que por seus méritos próprios. Ganharam, ainda na minha opinião, muito mais atenção do que merecem, tanto da mídia, quanto da população. E, apenas para ilustrar, quero lembrar uma frase que meu professor de Kung Fu, Waldir D'Onófrio, me disse uma vez:



"O poder que as pessoas têm sobre você é o poder que você dá a elas."

 

O MELHOR DO BRASIL É ARGENTINO.

Este artigo foi escrito ao término de um campeonato brasileiro onde o Tevez foi eleito o melhor do certame.

Nada contra nossos vizinhos. Mas ontem me dei conta que o Tevez foi eleito o melhor jogador do Campeonato Brasileiro. Gente, parece que o Brasil não tem talentos suficientes, isto só para falar de futebol. Mas onde estão eles? Basta olhar para a lista de convocados do Parreira para ver que quase todos, senão todos, estão jogando em times de fora do Brasil. E para o campeonato brasileiro, daquele país que é pentacampeão do mundo (em vias de ser hexa), o que sobrou?
Praticamente nada. Os ídolos dos clubes são: Edmundo, Romário, Marcos, Rogério Ceni e outros, que se a gente for ver, já estão com mais de 30. Resumindo, os jovens talentos se vão.
Mas parece que isto é uma rotina quando se trata de Brasil. Não que eu queira botar a culpa de tudo no Governo da Revolução, mas foi lá que a coisa começou. Começamos a "exilar" talentos por medo do que suas idéias poderiam fazer contra a manutenção da "ordem". E, de tanto nos acostumarmos a não convivermos mais com eles, continuamos na prática de "exilar" (agora na forma de exportar) talentos.
Na política, por exemplo, se não exilamos, nem exportamos novos talentos para a administração pública séria, conseguimos criar uma barreira de ogeriza à coisa pública de forma a afastar quem tenha um pouco de inteligência e coregem para tentar mudar a ordem das coisas.
Se é assim no futebol, como será nas empresas? Estamos realmente capacitados a atrair e manter talentos dentro de nossas fileiras?
Atrair, até que é fácil, pois a luta para se conseguir um bom emprego não está tão fácil assim os nossos jovens universitários, saídos das carteiras estudantis, vêm para nossas organizações cheios de idéias, ideais e com garra para mudar as coisas. Aí é que a coisa pega. Começam a "bater" contra a muralha da organização e enfrentam uma onda de frases do tipo:

"Vai devagar, as coisas aqui não são assim."
"Você é novo ainda. Com o tempo aprende que as coisas não funcionam bem assim."
"Na teoria da escola, esta idéia pode funcionar, mas na prática do dia-a-dia, não vai dar certo."

E toda aquela vontade de mudar as coisas vai definhando e a pessoa vai se amalgamando à estrutura e convivendo com ela. Ou é "exportado" para o mercado de trabalho, para outra atividade, que não tem nada a ver com que ele estudou. Porque é difícil mudar a ordem das coisas.
Cazuza já dizia em uma de suas músicas "Pois aquele garoto que queria mudar o mundo, frequenta agora as festas do "Grand Monde".

E, assim, os talentos desaparecem. E com eles, a competitividade. E, possívelmente o país.

Talvez eu esteja sendo meio trágico, mas Renato Russo já previu quando cantou: "Mas o Brasil vai ficar rico, vamos faturar um milhão, quando vendermos todas as almas, de nossos índios em um leilão..." Se a gente ler "talentos" ao invés de "indios".....

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