28 maio 2008

 


O DIA QUE SAMPA PAROU

Artigo escrito no dia em que a cidade de São Paulo literalmente parou

No Dias das Bruxas do ano de 1938, Herber George Wells, mais conhecido como Orson Wells e que foi reconhecido por muitos como uma das maiores mentes do século 20, colocou no ar, através da Radio Mercury Theatre, uma versão radiofônica de seu romance A Guerra dos Mundos". Nova Iorque foi acometida de um ataque de histeria coletiva, pois as pessoas acreditavam que a transmissão da ficção fosse verdade, a ponto de acontecerem casos de suicídio. Estava provado o poder da mídia sobre as mentes das pessoas.



Posso dizer, sem medo de ser exagerado, de que São Paulo foi ontem tomado por um sentimento igual. Não que não houvesse um ataque planejado contra alvos policiais e alguns civis, muito pelo contrário, eles foram reais. Mas, ao longo da tarde, enquanto eu estava preso em um congestionamento monstro provocado pela antecipação da liberação de funcionários em função da greve dos ônibus, as poucas vezes que meu celular funcionou foi para receber mensagens catastróficas.

"O Shopping Ibirapuera foi metralhado"
"Não. Foi o Iguatemi."
"O Mackenzie também foi"
"Cortaram os telefones fixos do bairro de Pinheiros" Esta foi legal, pois alguns minutos depois, um amigo me liga exatamente de um telefone fixo de Pinheiros.
"O Metro parou"
"Teremos toque de recolher às 20:00 h

E por aí vai. Enquanto isso, a imprensa cai de boca em análises, notícias, estatísticas,

prognósticos e outras mazelas no sentido de dar o "Furo" do ano. E o que se viu foram informações tendenciosas, maliciosas e que incitam a histeria. Querem um exemplo?
Sabe-se que houveram cerca de 80 mortos nestes 3 dias de violência. Quantos eram bandidos? Quantos eram policiais? Quantas vítimas civis?

Tentei, hoje cedo, procurar nos sites de notícia esta informação, pois até onde pude entender, mais da metade das mortes é de criminosos, o que reduz as mortes de policiais e de civis. Mas o que vale é a quantidade de mortes registradas. A qualidade da informação não importa, a menos que queiram perder audiência.

E as pessoas, presas de um sistema de informação deficiente e sem escrúpulos, acreditam piamente e, como se não bastasse, via internet põe gasolina na fogueira encaminhando e divulgando "spans" dos mais descabidos do tipo " O PCC articulava um ataque monstro contra alvos civis na noite de ontem e que não era para ninguém sair de casa."

Na realidade, o que se viu, na minha opinião, foi uma ação, ainda que pesem as opiniões contrárias, forte das forças de segurança do Estado de São Paulo que, pelas informações que tive, perderam homens, mas abafaram todo o tumulto, como se pode ver na manhã de hoje. Ainda que desorganizados, mal armados, mal remunerados (em muitos casos) a polícia neutralizou a ação do PCC. Pois se isto não tivesse acontecido, hoje o prefeito da cidade seria um de seus chefes.

Eles queriam só causar tumulto. E conseguiram. Muito mais pela histeria coletiva que tomou conta da cidade, do que por seus méritos próprios. Ganharam, ainda na minha opinião, muito mais atenção do que merecem, tanto da mídia, quanto da população. E, apenas para ilustrar, quero lembrar uma frase que meu professor de Kung Fu, Waldir D'Onófrio, me disse uma vez:



"O poder que as pessoas têm sobre você é o poder que você dá a elas."

Comments: Postar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?