06 outubro 2006

 

31 DE MARÇO. VÉSPERA DE 1o. DE ABRIL.
Tenho a certeza que a maioria de vocês, que estão lendo este artigo, se lembram da Revolução de 64 pela história ou por ouvir falar. Mas lá estava eu, no interior de Minas Gerais (onde morava na ocasião), com 9 anos de idade e ouvido grudado no rádio de galena (válvulas) de meu pai, ouvindo as notícias sobre a marcha das tropas mineiras em direção ao Rio de Janeiro. Era a revolução.

No meu imaginário infantil (repleto de filmes da 2a. Guerra mundial produzidos por norte americanos) imaginava as batalhas que estariam acontecendo, a movimentação das tropas e as estratégias que estavam sendo traçadas e levadas a cabo, para que uma das duas partes tivesse sucesso. Naquela época, eu não tinha nenhuma opinião política formada, mas me lembro de meu pai exultante, pois o comunismo estava sendo freado. Aliás, esta posição política de extrema direita de meu pai, nos custou muitas discussões e aborrecimentos mais tarde, quando da minha militância pela liberdade de expressão e contra a repressão, mas esta é uma outra estória.

Apesar de não me lembrar de quase nada sobre a revolução em si, pude sentir tudo o que se seguiu e os reflexos que este ato trouxeram para o país, principalmente na área econômica. O milagre econômico que sucedeu o Golpe de 64 foi realmente grande. O país chegou a crescer seu PIB a razão de 10 % ao ano! A indústria cresceu, o comércio floresceu. Ainda existem pessoas que acham que éramos felizes e não sabíamos, Mas foi tudo ilusão.

Baseada em um estratégia de auto sustentabilidade, investimentos monstruosos foram feitos pelo estado no sentido de prover o país da infra estrutura necessária para sustentar um crescimento econômico. Siderurgia, com a Siderbrás, Eletricidade, com a Eletrobrás, Energia Nuclear, com a Nuclebrás, Petróleo, com a Petrobrás, enfim, o governo foi criando uma teia de empresas estatais, burocratizadas, caras e ineficientes que penalizou os cofres públicos com sua falta de resultados. Por outro lado, todas estas empresas foram criadas baseadas em empréstimos realizados no exterior, aumentando nossa dívida externa.

Mas o pior ainda estaria por vir. O fechamento das fronteiras à importação, dando prioridade à indústria nacional, levou nossas fábricas e um grau de protecionismo que estagnou a pesquisa e o desenvolvimento de produtos e serviços, notadamente onde se necessitava de tecnologia de ponta. Órgãos burocráticos, como a extinta Cacex (vocês possivelmente nunca ouviram falar), eram responsáveis por ditar o que podia ou não ser importado. E a coisa era feita sem nenhuma competência. Comentava-se, na época, que uma grande empresa havia entrado com um pedido de importação de um torno vertical para usinar peças com diâmetro de 3 metros. A Cacex negou o pedido dizendo que, no Brasil, havia um fabricante que poderia resolver o problema. Ao que a empresa respondeu que era verdade, mas esta empresa só fabricava estes tornos com diâmetro máximo de 1 metro. E a Cacex respondeu rápido: "Então compre 3!"

Se esta estória foi ou não verdade, não se sabe, mas o que se sabe é que perdemos competitividade porque durante 25 anos ficamos fechados à importação de máquinas e de tecnologia. E agora temos que correr atrás do prejuízo. Coisa que passamos a fazer depois de 1990, ou seja, há apenas 14 anos atrás.

Por isso hoje, dia 31 de Março, data em que se comemora o dia da Revolução de 64, fica a questão. Ter sido na véspera de 1o. de Abril foi coincidência ???

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