04 outubro 2006

 

LILIPUT TROPICAL
Em 18 de novembro de 2002, publiquei este artigo que mostra nossa mania em nos tornarmos pequenos. Eu diria que uma vocação gerada no nosso próprio hino que diz? "Deitado eternamente em berço esplêndido..."

Durante a minha infância, tive a oportunidade de ler vários livros de estórias. Em um deles, conheci um personagem que viajava em um navio e este naufragou. O personagem, chamado Gulliver, foi parar em uma ilha, chamada Liliput, habitada por homens minúsculos que, ao encontrarem aquele gigante desacordado na praia, o amarraram pensando se tratar de algum demônio ou coisa parecida. A estória ainda mostra uma série de peripécias, mas no final o gigante e os minúsculos homens se tornam amigos e constroem muitas coisas juntas.
Porque me lembro desta estória? Porque esta se repete em um país muito conhecido nosso, mas com alguns papéis trocados.
Há 500 anos atrás, um bando de minúsculos homens foi parar na praia de um gigante país. Estes minúsculos homens, que não eram náufragos, mas estavam perdidos em sua missão, segundo consta, ao depararem com este gigante adormecido fizeram o mesmo que os liliputianos e o amarraram e subjugaram.
Com o passar do tempo, estes homens minúsculos passaram a conhecer o poder deste gigante mas, ao invés de juntamente com ele, construírem muitas coisas juntos, ao contrário do que fizeram os liliputianos, tornaram este gigante um escravo de seus desejos e ganância e o fizeram trabalhar, sem descanso, para poder extrair dele todas as riquezas que este pudesse gerar.
Passados 500 anos, a coisa não mudou muito. Temos ainda usineiros que vivem às custas do governo e de um Pró-Álcool, temos um congresso que vota, na calada da noite, um aumento em seus próprios proventos, negociatas e tramóias dos mais diversos tipos e tudo para fazer com que este gigante (pela própria natureza) trabalhe para locupletar poucos.
Neste momento de transição de governo vimos, e estamos vendo, os anões explorando o gigante com aumentos de preços, especulação contra a moeda e todo um arsenal de truques para poder fazer com que o gigante possa lhes trazer mais lucros e dividendos. Sabem que este gigante é muito forte e que já trabalhou arduamente por 500 anos e tem muitos outros 500 anos para trabalhar e. pela sua natureza cordata e avessa a violência, acorda diariamente e se põe na labuta para poder saciar a fome de seus anões dominadores. E como disse Cazuza em uma de suas músicas;
"Transformam o país inteiro em um puteiro,
pois assim se ganha mais dinheiro."

É uma situação triste, mas pasmem. Já foi pior. Mas para melhorar de vez é necessário que estes anões (no sentido mais amplo da palavra) entendam que só existe uma maneira de construir algo sólido para toda a vida. É fazer com que todos possam ter direito a participar, mesmo com uma pequena parte, do resultado do trabalho do gigante.
A gente espera que os novos anões que vão tomar conta do gigante, a partir de 1o. de Janeiro entendam que o gigante é grande, mas não é imortal e passe a tratá-lo com mais respeito e dignidade, pois todos, inclusive eles, dependem deste gigante para continuar vivendo.

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